quinta-feira, 26 de março de 2009

Limites e perspectivas do processo de inclusão escolar dos portadores de necessidades especiais

Texto: Carolina Morais  - Aluna do 6º período do Curso de Educação Física da UFVJM

A inclusão é um processo pelo qual a sociedade se adapta para permitir a participação das pessoas em todos os setores, inclusive daquelas portadoras de necessidades especiais (PNEs), e estas, por sua vez, se preparam para assumir seus papeis na sociedade.” Uma reflexão passível de ser feita sobre tal assunto é a inclusão teórica e a inclusão real. O que lemos nas leis e o que os estudiosos defendem e abordam em seus livros nem sempre ou quase nunca é o que podemos observar na vida dos PNEs.

Tudo começa na família. A aceitação, o empenho e o carinho são essenciais para a vida social dos PNEs. O apoio e compreensão da mãe são cruciais para o desenvolvimento da criança deficiente visual, por exemplo. Esta mãe utiliza estratégias para facilitar o relacionamento com seu filho e, com isso ela verbaliza muito e sempre mantêm um diálogo o qual irá contribuir para o bem estar da criança e o relacionamento mãe-filho.

A escola quase sempre é o primeiro contato que o PNE tem com a vida fora da família.

Várias pesquisas e comprovações mostram que é possível melhorar o rendimento dos PNEs nas escolas. O trabalho com a imaginação em deficientes visuais é bastante amplo e positivo. O “faz de conta” é uma atividade muito interessante, pois, ao contar uma história o deficiente tem o contato com os objetos presentes no conto. A criança, então, pode assimilar a audição ao tato e, com isso, despertar a imaginação e contribuir para um melhor desempenho em todas as atividades realizadas na escola. As crianças com Síndrome de Down são melhor aceitas pelos colegas quando participam das atividades da classe e têm um rendimento satisfatório. Então se pode dizer que a escola contribui de maneira significativa na vida social do Down, pois ao ser participativo ele consegue criar amizades. Em uma sala de aula a presença de um intérprete faz com que o deficiente auditivo seja incluso na escola, porém, para os demais alunos isso é uma inclusão superficial. A justificativa para tal opinião é devido ao fato de o surdo só manter contato com o intérprete e poucas vezes com os colegas .Em escolas que atendem os PNEs além do despreparo da escola de forma geral, o que inclui a falta de adaptação nos currículos, existe ainda a resistência de professores em aceitar esses alunos. A maioria dos professores têm o mesmo discurso relacionado à educação inclusiva, e dizem faltar conhecimento, preparo e apoio da família para contribuir com aceitação e desenvolvimento dos PNEs. É preciso ocorrer uma preparação pedagógica dos professores dos cursos de licenciatura para que a inclusão seja menos problemática e prejudique menos os alunos portadores de necessidades especiais. Muitos pais e professores não acreditam que seus filhos e alunos possam estudar em escolas ditas “normais” devido às dificuldades que sempre irão encontrar. Apesar de muitos professores mostrem interesse em ter um suporte para aderir esta inclusão, outros mesmo depois de receber alunos especiais em suas salas defendem a idéia de que tal feito não é possível. 

Os PNEs passam por experiências negativas durante as etapas de escolarização e profissionalização. Deficientes auditivos que já estão ingressados na Universidade, apesar de enfrentarem dificuldades, têm apoio familiar e alcançam com maior facilidade o sucesso em suas atividades. Analisando os estudantes do Ensino Médio se pode destacar que muitos encontram dificuldades para ingressar na Universidade por questões financeiras e por medo de não conseguirem concluir o curso. A situação se agrava quando se observa outras escolaridades e os alunos dizem não querer tentar vestibular por falta de apoio dos professores e mais uma vez pela questão financeira. Será que esse medo é em vão ou as instituições realmente não estão preparadas para receber esses alunos? Em escolas especiais, as crianças PNEs recebem um cuidado também especial e com isso os professores desenvolvem estratégias para o melhor desenvolvimento da criança, respeitando e superando seus limites. Por exemplo, trabalhar imaginação e brincadeiras com crianças que possuem déficit mental é muito produtivo, porém, se pode perceber que tais crianças têm baixa disposição quando são estimuladas a realizar brincadeiras coletivas. 

Outra questão a se pensar: você é a favor da inclusão ou da integração? É preciso pensar no melhor para o ensino–aprendizagem. E o que dizer das empresas e suas contratações? As empresas não cumprem a lei de cotas para PNEs e os funcionários que são contratados ocupam cargos de baixa qualificação profissional. Porém, as empresas colocam uma questão bastante polêmica para justificar tal fato. Elas enfatizam que as instituições criticam o processo de contratação de PNEs pelas empresas, mas poucas oferecem escolarização para seus alunos ou capacitação profissional inferior e diferente daquela exigida pelo mercado de trabalho. Pode-se perceber que são dois setores que estão em confronto no que diz respeito à inclusão dos PNEs na sociedade. A admissão de funcionários PNEs na maioria das empresas ocorre devido ao fato de existir uma lei que oferece aos mesmos esse direito. O que ocorre, então, é a admissão dos PNEs para ocuparem cargos que exigem menor grau de qualificação. A sexualidade também é uma questão importante para ser abordada entre os PNEs. Os portadores da Síndrome de Down, por exemplo, dizem que os relacionamentos amorosos entre os mesmos são normais e que eles têm consciência dos cuidados que precisam ter. Deficientes auditivos encontram na mídia a principal via transmissora de informações sobre sexualidade, por isso é aconselhável que os mesmos tenham uma orientação sexual acompanhada. A realização de palestras e reuniões abordando temas diversos a respeito de sexo e sexualidade são importantes para um melhor entendimento de jovens com tal deficiência.

“Desde a mais tenra idade, o individuo, no seu impulso de SER, luta pela liberdade no seio da comunidade, da escola, da universidade e da sociedade em que vive. Ele faz valer a sua presença e demonstra resistência quando é privado de realizar o que mais gosta de fazer, que é “simplesmente” brincar.” Essa citação pode ser o começo de uma reflexão

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