domingo, 29 de março de 2009

Corpos deficientes, eficientes e diferentes: uma visão a partir da Educação Física

Texto: Daniely Godinho Miranda - Aluna do 6º período do Curso de Educação Física da UFVJM
Resumo do artigo: 
Rechineli, Andréa; Porto, Eline Tereza Rozante; Moreira, Wagner Wey. Corpos deficientes, eficientes e diferentes: uma visão a partir da educação física. Rev. bras. educ. espec;14(2):293-310, maio-ago. 2008

Esse artigo aborda que os PD ao longo do tempo deixaram de ser tratados apenas como corpos deficientes, para serem tratados e reconhecidos como corpos deficientes- diferentes a partir do momento em que lhes foram dados oportunidades de participação na sociedade e nas aulas de Educação Física.

Apartir de 1920 em que a Educação Física se firma no ambiente escolar, ela passa por transformações em relação ao seu posicionamento e função dentro do ambiente escolar, devido a varias concepções defendidas que afirmam sua especificidade como conteúdo escolar.

A primeira concepção é a Militar e Higienista, influenciada pelo período de construção da sociedade, as aulas de Educação Física consistia na elaboração de exercícios calistênicos e exercícios de força para a seleção de corpos saudáveis, perfeitos, visando à eugenia da população brasileira. Portanto nessa concepção fica evidente a exclusão dos PD, pois eram proibidos de freqüentarem as aulas de Educação Física.

A segunda concepção é a Tecnicista influenciada pelos Métodos Desportivos Generalizados, ou seja, as aulas de Educação Física consistiam na repetição sistemática de movimentos esportivos do alto rendimento, sendo confundida com um treinamento esportivo.Nessa concepção também fica clara a exclusão dos PD, pois não possuíam capacidades físicas para realização das habilidades esportivas.

Apartir da década de 70 ocorre mudanças no quadro escolar rompendo com o paradigma de desempenho como objetivo da educação física escolar, procurando assegurar sua especificidade como conteúdo curricular.

A abordagem desenvolvimentista é baseada no processo de crescimento, desenvolvimento, aprendizagem de movimentos e a interação entre eles. As aulas de educação física passam a adequar as atividades e os exercícios de acordo com as fases de desenvolvimento humano. Proporcionando condições para que o aluno desenvolva suas capacidades e habilidades motoras de acordo com o seu nível de crescimento, desenvolvimento cognitivo, físico e afetivo-social. Nessa abordagem fica clara a preocupação de incluir os PD nas aulas de Educação Física, não podendo afirmar através de seu referencial teórico que essa abordagem foi desenvolvida para a inclusão dos PD nas aulas de Educação Física.

Em seguida a concepção construtivista defende o respeito à cultura e a individualidade do aluno, sendo necessário o estimulo a criatividade e liberdade individual. Os jogos e brincadeiras fazem parte do conteúdo de ensino e estratégia de intervenção das aulas de educação física, assegurando enquanto o aluno brinca, ele  adquire  valores e atitudes voltados ao regaste de suas experiências . Essa concepção assegura uns dos pontos defendidos no PCN, o respeito ao ser humano e o que ele traz consigo de experiência para o ambiente escolar.

A concepção de abordagem Sistêmica procura entender a Educação Física como um sistema que sofre influência e influencia o ambiente em que está inserida. Possui uma preocupação social. Essa abordagem discuti e defende pontos relativos ao PCN,direcionando  para a diversidade e inclusão.

A abordagem critico-superadora entende a Educação Física como prática pedagógica no âmbito escolar, assegurando sua especificidade; à cultura corporal de movimento variando suas praticas pedagógicas (a ginástica, a dança, os esportes, etc.).E ssa abordagem defende a Educação Física na escola do ponto de vista político, social e cultural. Através de seu posicionamento garante a participação efetiva dos PD, pois além de participarem das aulas aprendem a discutir e respeitar questões relativas à diversidade, facilitando seu processo de inclusão. 

A abordagem Saúde Renovada possui a preocupação com a saúde do aluno, procurando atender a priori os obesos, os PD, os sedentários e os com baixa aptidão física. As aulas de Educação Física devem assegurar a participação de todos os alunos contribuindo para formar uma mentalidade de adultos ativos. Essa abordagem permite aos PD a participação nas aulas de Educação Física que se preocupa com a saúde e com o desenvolvimento destes alunos.

Os PCN’S defendem o principio da inclusão, as dimensões atitudinais, conceituais, procedimentais dos conteúdos e os temas transversais.Os PCN’S consideram o aluno como um ser integral propondo pressupostos pedagógicos que trabalhem o aluno do ponto de vista psicológico, social, cognitivo, afetivo e político, contribuindo para a formação de um cidadão crítico. 

No final da década de 1980 e inicio da década de 1990, chega ao Brasil a proposta de Motricidade Humana, que tem o objeto de estudo o ser humano em movimento. A Motricidade humana vê o aluno como um corpo histórico, cultural, biológico, psicológico e espiritual. Acredita que através do movimento o aluno é capaz de superar seus limites físicos contribuindo para sua formação global. Essa abordagem permite a inclusão dos PD, pois valoriza o movimento realizado respeitando os limites físicos de cada aluno, valorizando o caráter participativo das aulas de Educação Física.

As concepções relatadas servem de orientação para o trabalho docente, servindo de base para a adequação de atividades a serem desenvolvidas nas aulas que inclua todos os alunos e possibilite a medida do possível uma troca de experiências entre eles. 

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