sexta-feira, 27 de março de 2009

As concepções da Educação Física e os portadores de necessidades especiais

Concepção Higientista

Texto: Erica Carvalho Fúrfuro, Juliana Gonçalves de Araújo e Rodrigo Gonçalves Silva  - Alunos do 6º período do Curso de Educação Física da UFVJM 

O movimento surgiu no capitalismo industrial havendo grande relação de trabalhadores e industriais e como conseqüências altas explorações e graves problemas de saúde. Portando, as pessoas começaram buscar melhorias nos padrões de vida.

Este movimento ganha força no Brasil no início do século XX, influenciando na educação, no físico e no intelectual do povo deste país, tornando-se importante combater epidemias e doenças em busca da saúde da população. Assim consegue-se aliança com as forças governamentais.

A vertente do pensamento higienista era eugênica, onde contribuía no pensamento pedagógico, influenciando fortemente a construção e estruturação da educação física no Brasil. A educação física vivenciava o período de apoio dos educadores, que viam o corpo como objeto de estudo da Ciência, principalmente da ciência médica, capaz de promover a higienização necessária à formação da raça brasileira.

A Educação Física Higienista tinha como objetivo preparar corpos que pudessem atuar na defesa e desenvolvimento do país buscando corpos sadios, fortes e perfeitos, para construção de uma sociedade saudável. As mulheres deveriam ser fortes e sadias para gerar filhos.

A ginástica, o desporto e os jogos recreativos deveriam antes de qualquer coisa, disciplinar os hábitos das pessoas no sentido de levá-las a se afastarem de práticas capazes de provocar a ruína da saúde e da moral, na busca de uma sociedade livre das doenças infecciosa e dos vícios. A higienização da população era alcançada com a formação de hábitos sadios através da educação escolar e especificamente da educação higiênica.

Nas escolas as estratégias usadas eram totalmente práticas, exigindo hábitos de saúde e higiene e fortalecimento do físico. Na concepção higienista, as pessoas deficientes não podiam freqüentar as aulas de educação física, pelas suas dificuldades físicas, motoras e mentais, sendo encaixadas nos padrões de anormalidades, considerados inferiores e excluídos.

Era um período em que havia guerras, e o governo precisava de pessoas prontas para servir a pátria e as pessoas deficientes não eram aptas para participarem por não possuírem corpos saudáveis e sadios, como era exigência da época, em que selecionavam indivíduos fisicamente perfeitos. 

Concepção Militarista

Texto:  Artur Ferreira Pereira e   Carolina Morais de Araújo    - Alunos do 6º período do Curso de Educação Física da UFVJM 

A Educação Física militarista surgiu na Alemanha, tendo como um de seus fundadores Guts Muths, com o intuito de formar cidadãos nacionalistas que estivessem aptos a defender e contribuir com desenvolvimento do país. Para isso era preciso formar homens e mulheres com corpos fortes, saudáveis, resistentes e ágeis, ou seja, corpos perfeitos. Jahn reforça a idéia da ginástica militarista e cria obstáculos artificiais e aparelhos de ginástica para a realização das atividades físicas.

A. R. Accioly criou um sistema de ginástica que caracterizava a Educação Física militarista e firmava a mesma como sendo mecanicista e funcional. Esse sistema funcionava da seguinte forma: realização de exercícios livres e sem aparelhos que trabalhassem membros superiores e inferiores; exercícios de suspensão com barras, barras paralelas e cordas; exercícios de apoio como suspensões e balanceamentos; ginástica coletiva com marchas e exercícios em ordem.

 No Brasil a Educação Física teve influência militarista a partir da primeira metade do século XX com a chegada de imigrantes alemães que tinham a ginástica militarista como um hábito de vida. Apesar da grande influência do militarismo, alguns estudiosos da época não aderiram esse método nas escolas primárias brasileiras, preferindo que as mesmas adotassem o método sueco. Isso se justifica devido a preocupação com a moral e saúde física dos indivíduos, pois, o método sueco além de formar corpos fortes e saudáveis, também formava cidadãos livres de vícios.

O desenvolvimento da Educação Física inclusiva não era possível sob influência dessa abordagem, pois as pessoas com deficiência eram proibidas de freqüentar as aulas. Nessa fase, então, fica clara a exclusão das PD nas aulas de Educação Física, pois essas pessoas não se encaixavam nos padrões de homogeneidade ditados pelo sistema.

Como seria a criança nessa época? Uma criança que não brincava, que não tinha liberdade de expressar e vivenciar movimentos corporais diversificados e importantes para seu desenvolvimento psico-motor-afetivo. Uma criança que possuía sonhos e movimentos pré-determinados por um sistema que não se preocupava com o bem estar e as limitações de cada cidadão. 

“... conceituava a educação como indivisível, abraçando toda a natureza da criança e situando a ginástica como responsável pela perfeição do corpo que a poria em equilíbrio com a alma.”

(A. R Accioly) 

“Éramos cegos antes de tornarmos cegos, disse o velho com do tapa olho.” (José Saramago)

 Concepção tecnicista

Texto: Aline Rosemarq e  Amanda Antero    - Alunas do 6º período do Curso de Educação Física da UFVJM 

Compreendida entre as décadas de 50, 60,70 e inicio da década de 80, a Abordagem Tecnicista integra a concepção militarista e chega ao Brasil como um método desportivo generalizado, havendo uma valorização excessiva do desempenho. Propôs o desempenho esportivo nas escolas, com o professor atuando em uma linha totalmente centralizadora, com isso era pouco flexível, gerando assim uma retição mecânica dos movimentos esportivos, ou seja, o aluno não tinha a liberdade de criar outros movimentos ou de seguir outro padrão de treinamento. Numa lógica pautada em que: “o fim justificando os meios”, com isso o atleta era fruto do seu desempenho no treinamento.

Por ser uma abordagem posterior à 2ª Guerra Mundial, os paises queriam descobrir talentos esportivos, com a intenção de formar atletas de alto rendimento, no intuito de representar o país na Olimpíada, ressaltando que esta é a maior competição a nível mundial, podendo assim ser colocada como um termômetro de desenvolvimento da nação.

Essa abordagem é muito criticada pelo fato de não apresentar propostas inclusivas, sendo direcionada apenas a uma pequena parcela da população, no caso só as pessoas saudáveis, jovens, habilidosos, com procedimentos pedagógicos diretivos, usado com forma seletiva em busca de um modelo padrão. Essa exclusão não acontecia só com os portadores de necessidades especiais, mas também com as pessoas que não se encaixavam no padrão pré-estabelecido pela mesma.

Transcendendo essa Abordagem Tecnicista para a atualidade, gera-se um conflito muito grande, pois essas são definidas de acordo com os padrões da época em que foram criadas, levando em conta todo o contexto em que se passam, com suas peculiaridades e objetivos.

Como a Educação Física escolar não acontece fora da sociedade ela reflete os pensamentos, atitudes, enfim, ela não contrapõe a realidade, ou seja, se os portadores de necessidades especiais eram excluídos da sociedade, automaticamente a escola também teria a mesma atitude. Isso devido a sociedade e a escola não poderem contrariar as imposições da época militarista na qual se encontravam, sendo assim sociedade e escola formando o individuo.

Enfim, após as discussões feitas sobre os tipos de abordagem e a Educação Física inclusiva, constata-se que a evolução de cada abordagem é dada em detrimento as necessidades, de acordo com os novos avanços tecnológicos, cientifico e filosófico, considerando sempre a relação homem-sociedade, desta forma visa suprir as necessidades da época, tendo em vista um objetivo superador, criando-se assim vários paradigmas.  

Concepção sistêmica

Texto:  Cristiano Carvalho Sales e Poliane Teixeira Costa Oliveira  - Alunos do 6º período do Curso de Educação Física da UFVJM 

A Educação Física ao longo dos anos passou por varias mudanças em sua pratica pedagógicas que refletem a concepção e significado do corpo do ser humano na sociedade. Com o intuito de acabar com a valorização excessiva do desempenho físico na aulas de educação física, surgi na década de 70 vários movimentos, dentre eles a chamada Abordagem Sistêmica.

A Abordagem Sistêmica é um sistema aberto, que sofre influências e influencia, procurando interagir o aluno nos conteúdos oferecidos pela instituição, oportunizando a experiência da cultura de movimentos. Não visa apenas as habilidades motoras, valorizando a não exclusão e a diversidade de atividades, propondo assim, vivências nas atividades rítmicas, esportivas e de expressão.

A Abordagem Sistêmica procura ir a contra mão da especialização precoce para proporcionar uma grande vivencia corporal ao aluno, onde as atividades enfatizam as experiências de cada um, assim ajudando o aluno a compreender e melhorar o seu movimento. Através da diversidade será garantido o acesso de todos os alunos ás atividades da Educação Física, tirando assim o foco a atividades que privilegiem somente um tipo de esporte, dando oportunidade de sucesso a todos.

Essa abordagem é trabalhada a favor da inclusão, prioriza a participação de todos os alunos, respeitando estes como seres humanos, independentemente de suas limitações e diferenças.

Os portadores de necessidades especiais que por muito tempo foram excluídos das aulas de educação física por suas deficiências serem relacionadas com a incapacidade de aprendizagem e participação, hoje vem ocupando e garantindo seu espaço diante da sociedade e no âmbito escolar. Com isso, o profissional de educação física aumenta sua responsabilidade frente a seu trabalho, tendo que encontrar métodos diferenciados para trabalhar em sua aula , sem haver exclusão tanto por parte dos alunos considerados diferentes, como daqueles considerados normais. A partir desse método encontrado pelo profissional, suas aulas ficarão mais prazerosas para todos os alunos. 

 Concepção crítico-superadora

(em construção)

 

Concepção da saúde renovada

Texto:  Bruna Cristina Ferreira Pinto e Daniela Souza Siqueira   - Alunos do 6º período do Curso de Educação Física da UFVJM 

 A abordagem saúde renovada incorpora princípios enfocando aspectos sócio-culturais relacionando atividade física, aptidão física e saúde física e mental. Os autores desta abordagem entendem que as práticas de atividades físicas vivenciadas na infância e na adolescência favorecem a adoção de atitudes e hábitos voltados para um estilo de vida mais ativo fisicamente na idade adulta.

Essa abordagem procura atender a todos os alunos, respeitando as diferenças e contribuindo de maneira significativa para sedentários, obesos, os que possuem baixa aptidão física e os portadores de necessidades especiais.  

Acredita na Educação Física como meio de promoção da saúde, para um estilo de vida mais ativo e faz críticas às atividades esportivas tradicionais enquanto promotoras da saúde e do bem estar.

Propõe aos professores assumirem uma nova postura frente a metodologia das suas aulas, com atividades que proporcionam aos alunos um olhar de interesse diante da atividade física e uma possível continuidade dessas práticas corporais.

A abordagem saúde renovada possibilita na educação física inclusiva, que os alunos portadores de necessidades especiais se sintam mais integrados e participativos durante as aulas na escola e em seu convívio social, pois estas oferecem atividades focadas para um melhor desenvolvimento motor,cognitivo, psicológico e principalmente social do individuo. 

Nota-se uma grande influencia positiva da abordagem saúde renovada no cotidiano dos alunos ditos ”normais” e dos alunos portadores de necessidades especiais, como foi citada acima. Por outro lado se esses princípios não forem aplicados de forma correta e objetiva por pessoas (os professores) capacitados e interessados podem causar danos e o consequente afastamento das atividades físicas por esses praticantes.

A idéia de inclusão nas escolas é ainda muito recente, sendo que muitos professores não tiveram a oportunidade de terem esse tipo de experiência durante sua graduação, e diante desta situação não estão preparados e/ou  dispostos a renovarem seus conhecimentos o que dificulta o progresso da inclusão escolar. È importante lembrar que esse processo de inclusão deve ser vivenciado tanto na escola como fora dela, pelos professores,alunos,colegas e a família.

A abordagem saúde renovada pode auxiliar nesse processo de inclusão possibilitando ao portador de necessidades especiais uma maior confiança, vivência corporal, conhecimentos sobre o seu corpo e como utilizá-lo em prol do seu bem estar.

A concepção dos parâmetros curriculares nacionais

Texto:  Daniely Godinho Miranda  e Rubiana Dângela Silveira    - Alunas do 6º período do Curso de Educação Física da UFVJM 

Os PCNs foram criados com a finalidade de fornecer subsídios e possibilidades para a atuação da prática docente, ou seja, proporcionando uma reflexão a partir do próprio trabalho pedagógico.

A Educação Física como conteúdo curricular tem como objetivo assegurar suas especificidade, utilizando como suporte os princípios dos PCNs, para garantir uma Educação Física acessível a todos.

O princípio da inclusão abordada no PCN propõe uma Educação Física, onde não haja discriminação entre os alunos aptos e inaptos, exigindo uma participação efetiva do professor no sentido de apoiar, estimular, incentivar, valorizar e promover o acolhimento do aluno.

O professor deve usar práticas pedagógicas variadas a fim de promover uma participação efetiva dos alunos, independente da diversidade social, cultural e física, valorizando a execução das atividades, o relacionamento entre os alunos, solidariedade, a cooperação, respeito, igualdade.

A Educação Física tem a especificidade, no contexto escolar, a cultura corporal de movimento, utilizando as diversas práticas corporais para resgatar dos alunos experiências motoras vivenciadas possibilitando uma interação entre elas.

Tendo como base as diversas manifestações da cultura corporal de movimento e as dimensões (atitudinais, conceituais e procedimentais), abordadas pelo PCN permite o desenvolvimento de práticas pedagógicas de forma ampla e eficaz, pois permite o entendimento do aluno, no sentido do que fazer, como fazer e por que fazer, abrindo espaço para o desenvolvimento de novas propostas a partir dos conteúdos abordados.

Utilizando a modalidade esportiva de Basquetebol para exemplificar essas dimensões em uma aula de Educação Física Escolar:

No primeiro momento da aula será abordado o histórico do basquetebol e suas principais características e regras.

No segundo momento da aula, haveria uma aula prática em que os alunos vivenciassem os principais movimentos e habilidades que caracteriza a modalidade adaptando as regras de acordo coma realidade dos alunos.

No terceiro momento seria proposto aos alunos relacionar o Basquetebol abordado na aula, o Basquetebol de rua e o Basquetebol de alto rendimento, caracterizando semelhanças e diferenças de práticas entre eles.

Na tentativa de abordar o Baquetebol em uma aula de Educação Física inclusiva, o que diferenciaria a prática da aula anterior, seria proporcionar experiências corporais durante a execução das habilidades.Por exemplo: dois dos alunos de cada time estarão com os olhos vendados.A intenção da atividade seria incentivar o respeito, a cooperação e a solidariedade com o colega portador de deficiência visual.Possibilitando o aluno portador da deficiência o incentivo à superação de suas próprias limitações. 

Concepção desenvolvimentista

Texto:  Cássio Felipe Nascimento de Jesus Fernandes e William Campos Machado   - Alunos do 6º período do Curso de Educação Física da UFVJM 

Contrariando a um cenário altamente tecnicista do final de década de 70 surgem concepções a fim de se oporem a essa visão que valoriza a perfeição técnica. Uma dessas concepções é a concepção desenvolvimentista.

Pautada na idéia de que o processo educacional deve levar em conta a especificidade humana de modo que esta se desenvolva em seu âmbito físico, cognitivo e afetivo-social, a concepção desenvolvimentista enfoca o movimento como centro da aprendizagem embora não interfira na aprendizagem de outras habilidades motoras.

A Educação Física tem como um dos principais objetivos fazer com que através das atividades corporais os alunos conheçam a si próprios e aos outros conhecendo e respeitando as individualidades e limites de cada um, sendo assim o profissional de Educação Física deve oferecer diferentes possibilidades de movimentos, adequando-os ao grupo trabalhado.

A inclusão escolar pode ser definida como sendo um processo onde os portadores de necessidades especiais possam ser incluídos no ensino regular, onde eles aprenderiam juntamente com os alunos ditos normais.

Para que aconteça uma educação inclusiva é necessário que haja uma escola de qualidade e com professores qualificados, que tenham condições de diagnosticar de forma precoce qualquer eventual alteração em seus alunos. Mas pensando em todo um contexto histórico-social de exclusão dos alunos com necessidades especiais, pode se dizer que ainda é utópico pensar nessa realidade.

Considerando a concepção desenvolvimentista é possível se pensar em uma educação inclusiva, já que esta oferece um leque de possibilidades para que os portadores de necessidades especiais possam se desenvolver nos âmbitos motores, cognitivos e afetivo-sociais, embora essa concepção não faça uma clara alusão aos portadores de necessidades especiais.      
 

Concepção construtivista/interacionaista

Texto:  Alexandre Souza  e Thyago  - Alunos do 6º período do Curso de Educação Física da UFVJM 

De acordo com a abordagem construtivista que tem como princípio se opor a métodos seletivos e excludentes da educação física da escola tradicional, que usa princípios tecnicistas onde os alunos que têm uma melhor habilidade são mais privilegiados do que os demais, ou seja, dá-se preferência à capacidade do aluno em solucionar problemas utilizando seu conhecimentos e sua cultura. Podemos citar Piaget quando ele diz que: “No construtivismo, a intenção é construção do conhecimento a partir da interação do sujeito com o mundo, numa relação que extrapola o simples exercício de ensinar e aprender...” (CENP; 1990, p. 9)

Uma das possibilidades de se desenvolver uma educação física inclusiva nessa abordagem é considerar o conhecimento que o aluno já possui, desconsiderando as formas de ensino tidas como padrão, e assim deste modo, resgatar a cultura de jogos e brincadeiras dos alunos participantes das atividades no qual podemos incluir as brincadeiras de rua, os jogos com regras, as rodas cantadas, construção de brinquedos e outras atividades que compõem o universo cultural dos alunos. Jogos em que se predomina o pensamento estratégico devem ser vistos como uma possibilidade de ser trabalhada, já que esse tipo de atividade não exclui grande parte dos portadores de necessidades especiais, principalmente os cadeirantes e deficientes visuais e auditivos que compõe uma ala de deficientes muito numerosas em toda a nossa sociedade. Já os deficientes mentais, teoricamente prejudicados nessa situação proposta, poderiam se encaixar nesse mesmo tipo de jogos estratégicos sendo por exemplo os executores das ações, levando em consideração o  nível de deficiência de cada um.

Na proposta construtivista o jogo deverá ser entendido como um meio estratégico de educação física inclusiva e por isso deve-se privilegiá-la e  deve ser considerada a principal forma de ensinar, pois, é um instrumento de grande valor pedagógico, e que enquanto joga ou brinca os alunos aprendem formas de conviverem em sociedade, onde cada um é um ser único. Sendo que este aprender deve ocorrer num ambiente prazeroso e lúdico para o aluno, sendo ele tido como normal ou portador de necessidades especiais.

Concepção da motricidade humana

Texto: Tainára Cassimiro Vigato e Vanessa Mara Moreira    - Alunas do 6º período do Curso de Educação Física da UFVJM 

O  fim do século XX e início do século XXI são marcados pela preocupação com os corpos deficientes por parte da sociedade em geral, ou seja, pela ciência, pela cultura e história. Pode-se dizer que a área educacional é uma das mais envolvidas nesse processo, elegendo as diferenças como um dos pontos principais para reflexões, debates e transformações. Mudar a concepção desses corpos é a marca desse período histórico, que é onde surge a proposta da Motricidade Humana.

 De acordo com Sérgio (1994) a motricidade humana pressupõe um “(...) um paradigma emergente, anti-dualista e holístico, expresso na passagem do físico motor, em que educação física é a pré-ciência da ciência da motricidade humana ou como ramo pedagógico desta ciência”.

Ela se utiliza diferentes áreas, como biologia, antropologia, sociologia e filosofia, de maneira abrangente e ampla e, o corpo nessa proposta é entendido como construção social, cultural e política que se inter-relaciona consigo, com o outro e com o mundo.

Tem como temática principal respeitar o ser humano total em sua complexidade possuindo propostas inclusivas e a finalidade de perceber, conhecer e viver o corpo integralmente considerando o contexto do mundo – vida. Ela procura desvendar as intencionalidades desse ser humano que se movimenta na direção de sua auto-superação.

 Os corpos deficientes na escola estão vivendo uma modificação rigorosa quanto ao seu imaginário social, e isso desencadeia uma identificação da sociedade com o tema em questão; visualizando nessa perspectiva o movimento social da inclusão.

 Dentro da ótica educacional também temos o papel importante da escola que como um dos principais espaços inclusivos necessita de mais reflexões não somente quanto às suas dimensões físicas, adequações técnicas e de engenharia, mas, sobretudo, nas suas dimensões atitudinais e suas competências humanas.

Refletir sobre a inclusão e assumir a necessidade de criar espaços educacionais abertos a todos os alunos e valorizar o convívio entre os corpos diferentes; é acreditar no aprendizado não só de conteúdos, mas de valores.

É fundamental agir no sentido de inserir as pessoas com necessidades especiais de modo que assumam papéis, que participem juntamente com os outros em todos os momentos vividos no ambiente escolar, e não apenas na estrutura física dos ambientes educativos.

A prática da inclusão muitas vezes deixa de acontecer pelo fato de que os profissionais da educação se sentem atados aos modelos tradicionais de intervenção.

A prática da Motricidade Humana na escola trará benefícios não somente aos corpos deficientes como também em toda sociedade, pois conviver com as diferenças nos ensina a aceitar os outros como eles são e não como a sociedade os enxerga.

A possibilidade dos movimentos de corpos diferentes nas aulas de Educação Física, segundo Gaio (2005, p.173) é assumir“radicalmente o mistério guardado dentro de cada corpo, enquanto ser capaz de aprender e de ensinar: mistério este constantemente renovado conforme forem renovados os desafios que os educadores consigam lançar sobre esses corpos”. 

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