domingo, 26 de abril de 2009

Deficiências Físicas

Texto: Ana Flávia Baracho- Aluna do 6º período do Curso de Educação Física da UFVJM

As deficiências físicas podem ser classificadas a partir da sua natureza (inata ou adquirida) e do seu caráter (temporário ou permanente). O comprometimento das deficiências físicas ocorre em nível dos sistemas Ósteo-articular, Muscular e Nervoso Central, e podem ter origem Neurológica (em nível cerebral ou medular) ou Ortopédica (em nível muscular ou ósteo-articular).

As principais causas da deficiência física são: Traumas, lesão cerebral, paralisia cerebral, lesão medular, distrofias musculares, esclerose múltipla, amputações, malformações congênitas, distúrbios posturais da coluna, seqüelas de queimaduras. No Brasil as causas mais recorrentes, são acidentes de trânsito, ferimentos por arma de fogo e Doenças.

De origem neurológica cerebral temos deficiências como a Paralisia Cerebral ou DMOC, acidente vascular cerebral, acidente vascular encefálico e traumatismo crânio-encefálico. De origem neurológica medular temos poliomielite, espinha bífida e traumatismos medulares. Lesão cerebral é toda destruição ou degeneração das células cerebrais que afetam o Sistema Nervoso Central podendo acontecer a partir de doenças ou traumas.

Paralisia Cerebral (PC)

Lesão cerebral provocada principalmente por falta de oxigenação das células cerebrais, podendo ocorrer durante a gestação (ameaça de aborto, choque direto no abdômen da mãe, exposição ao raio-X nos primeiros meses de gravidez, eritroblastose fetal, infecções contraídas durante a gravidez, mãe portadora de diabetes, pressão alta ou com toxemia de gravidez), durante o parto (falta de oxigênio ao nascer, partos difíceis de fetos muito grandes de mães pequenas ou muito jovens, trabalho de parto demorado, mau uso do Fórceps, manobras obstétricas violentas, bebês prematuros pesando menos de 2 quilos) após o parto até os 3 anos de idade (febre prolongada e muito alta, desidratação severa, infecções cerebrais causadas por meningite ou encefalite, ferimento ou traumatismo na cabeça, falta de oxigenação, envenenamento por gás ou chumbo, e traumatismo crânio-encefálico).

Existem 3 tipos de classificação da PC: Fisiológica, Topográfica e Funcional. Os tipos mais comuns da Classificação Fisiológica são:

·         Espástica: Quando há uma desordem no movimento voluntário fazendo com que todo o corpo participe de um movimento que, normalmente, envolveria apenas uma parte do corpo. Pode agravar-se conforme o estado emocional e caracteriza-se também pelo tônus muscular muito alto.

·         Atetóica: Reflexo que causa um movimento involuntário do corpo, até mesmo quando em repouso. Caracteriza-se também pelo tônus muscular variante (às vezes mais alto – às vezes mais baixo).

·         Atáxica: Distúrbio motor que causa problemas na postura e na coordenação motora, causando dificuldades no equilíbrio e na percepção tátil. Caracteriza-se também pelo tônus muscular baixo e dificuldade de coordenação de movimentos.

Na Classificação Topográfica o sufixo “plegia” refere-se à não funcionalidade nos movimentos e o “paresia” refere-se à possibilidade de realizar movimentos funcionais:

·         Monoplegia/paresia: Acometimento de um único membro

·         Hemiplegia/paresia: Acometimento de um lado do corpo

·         Paraplegia/paresia: Acometimento do tronco e membros inferiores

·         Diplegia/paresia: Membros inferiores mais afetados que os superiores

·         Quadriplegia/paresia: Quatro membros afetados de forma semelhante

·         Dupla hemiplegia/paresia: Quatro membros afetados, com um dos lados mais comprometido.

Na Classificação Funcional há uma divisão de oito classes de capacidades, de acordo com o comprometimento causado pela deficiência, sendo classe I comprometimento grave e classe VIII comprometimento mínimo.

Acidente Vascular Cerebral (AVC)

Lesão de uma área cerebral causada pela falta de circulação sanguínea, podendo afetar a capacidade e o controle motor, a sensação, a percepção, a comunicação, as emoções e o estado de consciência. Tem causa isquêmica (tumor, malformação, trauma, trombose ou êmbolo e arteriosclerose) ou Hemorrágica (hipertensão, malformação, aneurisma), podendo ocorrer em qualquer faixa etária, mas principalmente depois dos 60 anos.

Os quadros motores após o AVC são semelhantes aos da PC na classificação Topográfica, sendo o mais comum a Hemiplegia em graus variados. Também podem ocorrer seqüelas como incontinência urinária e intestinal, perda parcial da memória, problemas psicológicos, perda de campos visuais, problemas perceptivos e proprioceptivos do lado afetado.

Traumatismo crânio-encefálico (TCE)

Problema cerebral causado por traumatismo craniano, podendo causar diminuição ou alteração do estado de consciência, limitações do funcionamento motor, cognitivo, social, comportamental e emocional. As principais limitações são: a falta de coordenação, de planejamento e seqüenciamento dos movimentos, espasticidade muscular, distúrbios de fala, paralisias, convulsões, alterações perceptivas e sensoriais. O quadro motor é descritos conforme a classificação topográfica da PC, e podem ser usadas as mesmas indicações terapêuticas de PC e AVC.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Respostas do estudo dirigido I

Artur Pereira - Aluno do 6º período do Curso de Educação Física da UFVJM

1-Faça um breve histórico sobre a trajetória social dos portadores de necessidades especiais.

Na antiguidade, os portadores de necessidades especiais (PNE), não eram tolerados muito menos aceitos pela sociedade. Eram vistos com menosprezo por causa das características dos seus corpos. Destruição e eliminação era comumente na época. A própria bíblia, um livro de ensinamento religioso, apresenta documento discriminativo. No código de Hamurabi deixa explícito a amputação como mecanismo de punição e estigmatização, sendo portanto a deficiência e a morte o maior dos castigos.

O fim da exterminação dos portadores de deficiência só veio no decorrer da idade média, onde os mesmos eram segregados da sociedade. Discriminados, eram considerados criaturas malignas.

Durante Renascimento houve o reconhecimento do valor do homem, da natureza e da humanidade, fruto de constantes transformações devido a Revolução Industrial. Para John Locke, o assalariado é proprietário apenas de seu corpo, logo, deve vender sua força produtiva em troca do salário, suficiente para mantê-lo vivo. O que, ainda torna evidente, a exclusão dos PNE’s.

O século XX é marcado pelo avanço tecnológico, o que modifica a estrutura da sociedade da época. Após a segunda grande guerra, programas de reabilitação direcionados aos heróis mutilados foram criados com o intuito de reintegrá-los.

Em 1981 a ONU cria o advento do Ano Internacional do Deficiente numa tentativa de provocar na sociedade, discussões acerca da problemática que envolve essa população, principalmente a questão das possibilidades desses corpos com deficiências em contraposição as suas limitações.

“A história dos PNE no Brasil caminhou paralela aos países mais avançados, porém percebe-se que por motivo desconhecido, os índios, não apresentavam quantidade significativa de PD o que nos faz pensar em possibilidades de genética/ambiente ou rejeição.” (PEREIRA, 2009).

Durante a década de 50 desconhecia a realidade dos PNE’s, a política era higienista e a legislação era precária até sentir a pressão do movimento mundial com a criação do Ano Internacional da Pessoa Deficiente (1981) e a Declaração de Salamanca (1994). Criação de órgãos específicos que visam atender os PD’s.

As primeiras iniciativas de implantação do esporte adaptado surgiram nos Estados Unidos em1870 e na Alemanha em 1918. A primeira edição dos Jogos de Stoke Mandeville ocorreu no ano de 1948, hoje visto como precursor dos Jogos Paraolímpicos.

2-Conforme a legislação brasileira, quais são as principais garantias e direitos dos PNE’s?

A educação é direito de todos e dever do estado e da família sendo promovida e incentivada com a colaboração da sociedade visando o pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. Implica que é dever do Estado para com a educação a efetiva garantia do atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino. Ao adolescente portador de deficiência é assegurado trabalho protegido. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e garantia das pessoas portadoras de deficiência. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: proteção e integração social das pessoas portadoras de deficiência.

Entende-se por educação especial, a modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos portadores de necessidades especiais. Deve portanto oferecer serviços de apoio especializado, atendimento educacional em classes, escolas ou serviços especializados, sempre que não for possível a sua integração nas classes comuns de ensino regular.

Acessibilidade é a condição para utilização, com segurança e autonomia, total ou assistida, dos espaços, mobiliários e equipamentos urbanos, das edificações, dos serviços de transporte e dos dispositivos, sistemas e meios de comunicação e informação, por pessoa portadora de deficiência. Dispõe sobre o direito da pessoa com deficiência visual de ingressar e permanecer em ambientes de uso coletivo acompanhada de cão-guia e dá outras providencias.

É obrigatória a reserva de vaga ( 5 a 10%) para veículo automotor que transporte pessoa portadora de deficiência, facilitando o acesso aos seus locais de destino.

É obrigatório a colocação, de forma visível, do “Símbolo Internacional de Surdez” em todos os locais e serviços que possibilitem acesso, circulação e utilização por pessoas portadoras de deficiência auditiva. Quanto a acessibilidade teatros, cinemas, auditórios, estádios, ginásios de esporte, casas de espetáculos, salas de conferências e similares deverá conter reserva de 2% para pessoas em cadeira de rodas.

Atendimento prioritário em repartições públicas e empresas concessionárias de serviços públicos, através de serviços individualizados que assegurem tratamento diferenciado e atendimento imediato. Essa lei também assegura a prioridade de atendimento em todas as instituições financeiras.

O Poder Público está obrigado a fornecer uma rede de serviços especializados em  habilitação e reabilitação, bem como garantir o acesso aos estabelecimentos de saúde públicos e privados.

Assegura o encaminhamento do portador de deficiência ao município mais próximo que contar com estrutura hospitalar adequada para seu tratamento. Prioridade e adequação ao tratamento aos portadores de deficiência.

Criar redes de serviços regionalizados, descentralizados e hierarquizados, voltados para o atendimento à saúde e a reabilitação da pessoa portadora de deficiência.

Receber gratuitamente, órteses e próteses (auditivas, visuais e físicas) junto às autoridades de saúde (federais, estaduais ou municipais), a fim de compensar suas limitações nas funções motoras, sensoriais ou mentais.

Assegura o atendimento pedagógico ao portador de deficiência internado na instituição por prazo igual ou superior a um ano, com o intuito de garantir sua inclusão ou manutenção no processo educacional.

Reserva de até 20% das vagas são reservadas às pessoas portadoras de deficiência em concursos públicos federais.

 3-Faça uma comparação entre a legislação brasileira atual e a realidade dos PNE’s no Brasil.

Tendo em vista a atual legislação brasileira em defesa dos direitos e deveres dos portadores de necessidades especiais, não se pode negar que está dentre uma das mais justas e dignas. O ponto que me toca é que se na prática, esses direitos são respeitados? De imediato respondo: Não! O que se vê na legislação não se vê na prática o que torna em um fato mal sucedido. Não é necessário que se torne ou seja portador de alguma deficiência pra verificar que não acontece. Então o que impossibilita que as leis saiam dos papeis? Continuo me questionando, investimento? Falta de experiência e despreparo daqueles? Indisposição para mudanças? Uma nova tendência? Bem, acredito que no mínimo seja o somatório de tudo isso.


4-Como se deu o processo de inclusão dos PNE’s na escola?

Se deu com um discreto aumento no número de PNE nas escolas. A maioria nas escolas eram  privadas e filantrópicas, a maioria estava ainda à margem da escolarização, existia uma ausência de indicadores que estabelecessem os parâmetros a serem seguidos.

 5-Quais são as grandes dificuldades encontradas no processo de inclusão escolar?

Falta de conhecimento, falta de experiência e despreparo, disposição para a mudança e o novo ambiente escolar inadequado. Espaço físico, materiais e equipamentos, transporte.

Aporte financeiro insuficiente, dificuldades de relacionamento colaborativo com a família. Isso tudo implicou na dificuldade do processo de inclusão.

6-Faça uma relação entre as abordagens pedagógicas da Educação Física e o processo de inclusão.

Durante a concepção militarista e higienista da educação física, que visava a juventude mais sadia para que pudesse atuar na defesa e no desenvolvimento do país, através de um corpo perfeito, deixava claro a exclusão das PD das aulas de educação física.

Sobre a concepção tecnicista fatores tais como o rendimento, a seleção dos mais habilidosos, o fim justificando os meios estão mais presentes no contexto da educação física na escola. Os procedimentos empregados são extremamente diretivos, o papel do professor é bastante centralizador e a prática, uma repetição mecânica dos movimentos esportivos. (Darido 2004). Percebe-se que diante dessa proposta, as PD, também não tinham a menor possibilidade de participação devido os aspectos excludentes.

Em 1988, Go Tani  apresentaram a abordagem Desenvolvimentista. Tani et al (1988) defendem a idéia de que é por meio do movimento, da habilidade motora, da resolução de problemas motores que o ser humano se adapta ao ambiente, aos problemas do cotidiano se desenvolvendo com relação ao domínio motor e outros domínios do ser humano. Nesse sentido, as PD podem se beneficiar com as propostas dessa abordagem, por analisar as condições em que se encontram para, posteriormente ofertar atividades de acordo com suas possibilidades motoras, cognitivas e afetivosociais. No entanto as PD não são referenciadas no decorrer dos textos apresentados, o que nos causa dúvidas ao afirmar se essas pessoas foram ou não consideradas na elaboração da proposta.

A abordagem Construtivista assume a preocupação com o excesso de racionalismo da educação e da educação física e enfoca o respeito à cultura e à individualidade da criança, o estímulo à criatividade, como também à liberdade individual. A abordagem construtivista pode ser ofertada às PD, pois respeita o ser humano e o que ele traz consigo das experiências vividas considerando a interação dele com o ambiente, fundamental no processo de aprendizagem. Proporcionando dessa forma a participação de todos durante a construção do conhecimento, todos adquirem papel significativo nas situações oportunizadas. Esta proposta é possível às PD por acreditar que a aquisição do conhecimento é um processo contínuo, a partir da ação e reação do ser humano com o mundo.

Paulo Betti apresenta uma abordagem denominada de Sistêmica, a qual procura entender a Educação Física como um sistema aberto que dialoga com o meio ou seja, que sofre influências e influencia o ambiente em que está inserida ,ou seja, nas idéias do autor, a função da educação física na escola não pode se restringir unicamente ao ensino de habilidades motoras, embora este deva ser um dos objetivos a serem alcançados.

A oportunidade à participação de todos os alunos, independentemente de suas diferenças, pois, devem ser respeitados como seres humanos que possuem potencial para a participação na prática das atividades, desde que as mesmas sejam ofertadas de formas diferenciadas.

Sobre a abordagem Crítico-Superadora, a qual entende a educação física como “[...] uma prática pedagógica que, no âmbito escolar, tematiza formas de atividades expressivas corporais como: jogo, esporte, dança, ginástica, formas estas que configuram uma área de conhecimento denominada de cultura corporal.” (Libâneo e Saviani, Soares; 1992). O fato da abordagem considerar a relevância social do conteúdo a ser trabalhado, de acordo com o meio e sua adequação e, que os mesmos devam ser aprofundados ao longo das séries, de acordo com as características sócio-cognitivas dos alunos é o que pode possibilitar a participação das PD. Somando-se a isso, o fato dos alunos refletirem sobre as ações do ser humano, inclusive com relação às questões sobre a diversidade, facilita a criação de oportunidades para reflexões e ações positivas em relação às PD.

Darido (2004) apresenta também a tendência Saúde Renovada, que sugere com o objetivo da educação física na escola seja o de ensinar os conceitos básicos da relação entre atividade física, aptidão física e saúde. A abordagem Saúde Renovada procura atender a todos os alunos, principalmente, os que mais necessitam, dentre eles estão os sedentários, os de baixa aptidão física, os obesos e as PD, confirmando assim a sua utilidade nas aulas de educação física.

O Ministério da Educação e do Desporto, elaboraram os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), incluindo documento específico destinado à área da educação física. Sua principal finalidade é  auxiliar os professores a refletirem e organizarem seu próprio trabalho pedagógico. Dessa forma, os PCN aparecem como primeiro documento oficial que propõe, de forma efetiva, o desenvolvimento de práticas pedagógicas voltadas à diversidade propondo o princípio da inclusão através de uma educação física aberta a todos os alunos, independente de suas diferenças, sejam elas sociais, culturais ou físicas.

A Motricidade Humana pressupõe um “[...] paradigma emergente, antidualista e holístico, expresso na passagem do físico ao motor, em que a Educação Física é a pré-ciência da ciência da Motricidade Humana ou como ramo pedagógico desta ciência”. (Sérgio 1994). Visualiza-se nas idéias desta educação física a possibilidade real voltada às PD que, anteriormente à condição de deficiência, são seres humanos que, independentemente da forma, se movimentam intencionalmente na necessidade de se auto-superar. Acreditam que as PD possam se beneficiar desta proposta a partir da consideração demonstrada pela complexidade do ser humano e sua diversidade.

7-Quais os aspectos específicos da área de Educação Física que facilitam e dificultam o processo de inclusão escolar?

Em educação física os conteúdos ministrados apresentam um grau de determinação e rigidez menor do que outras disciplinas. O professor de educação física dispõe de uma maior liberdade para organizar os conteúdos que pretende que os alunos vivenciem ou aprendam nas suas aulas. Os professores de EF são vistos como profissionais que desenvolvem atitudes mais positivas face aos alunos que os restantes professores. A educação física é julgada uma área importante de inclusão dado que permite uma ampla participação mesmo de alunos que evidenciam dificuldades. Este fato pode ser ilustrado com a omnipresença da educação física em planos curriculares parciais elaborados para alunos com necessidades especiais. Os conteúdos da educação física apresentam um grau de determinação e rigidez menor do que outras disciplinas. Os professores de educação física são vistos como profissionais que desenvolvem atitudes mais positivas face aos alunos que os restantes professores. A educação física permite uma ampla participação mesmo de alunos que evidenciam dificuldades.A educação física é capaz de suscitar uma participação e um grau de satisfação elevado de alunos com níveis de desempenho muito diferentes. As constatações sobre a efetiva contribuição da educação física para a inclusão de alunos com dificuldades é, antes de mais, no que respeita às atitudes mais ou menos positivas dos professores de educação física face à inclusão de alunos com dificuldades não encontra-se a homogeneidade que as aparências sugerem. Os aspectos da formação dos professores de EF em Necessidades Educativas Especiais é quase nula em se comparando com todo território brasileiro. A heterogeneidade de atitudes dos profissionais, os aspectos da formação dos professores de educação física em Necessidades Educativas Especiais deixam muito a desejar. A ausência de referencial de apoio, a ênfase na cultura desportiva e competitiva dificultam o processo de inclusão escolar.

 8-O que são atividades motoras adaptadas? Dê exemplo de sua aplicabilidade na educação física escolar.

A Atividade Motora Adaptada corresponde ao conjunto de atos intencionais que visam melhorar e promover a capacidade para o movimento considerando-se as diferenças individuais e as“discapacidades” em contextos inclusivos ou não. Exemplos de sua aplicabilidade na educação física: atividades de ritmo e dança: ciranda de roda. Atividades aquáticas: percepção do espaço aquático. Esportes de aventura: circuito. Atletismo: as próprias provas. Basquete em cadeira de rodas: todos sentados e o garrafão é mais baixo. Tiro com arco: acerte o alvo lançado pelas mãos ou pés. Bocha: mini-boliche. Futebol de cinco: Todos vendados, amarra-se uma sacola na bola. Voleibol Sentado: o próprio. Esgrima: no lugar da espada um objeto flexível e não cortante. Goalball: o próprio.

domingo, 12 de abril de 2009

Cronograma atualizado da disciplina

12/03              Apresentação da disciplina

13/03              Aspectos históricos e sociais do portador de necessidades especiais (PNE)

19/03               Aspectos legais do portador de necessidades especiais (PNE)

20/03              O processo de inclusão do PNE na escola

26/03               Educação Física Inclusiva

27/03               Seminário: Educação Física Inclusiva – 10 pts

2/04                 Filme: Murderball

3/04                  Esporte Adaptado: características e aplicações

16/04               Grupo de discussão - revisão

17/04              Avaliação teórica – 25 pts

23/04              Classificação geral e tipos de deficiências

24/04              Deficiência física: tipos e características

30/54               Atividades físicas para deficientes físicos

7/05                Deficiência física: aula prática

8/05                  Deficiência auditiva: tipos e características

14/05               Atividades físicas para deficientes auditivos

15/05               Deficiência auditiva: aula prática

21/05              Convidado/visita técnica

22/05               Deficiência visual: tipos e características

28/05              Atividades físicas para deficientes visuais

29/05              Deficiência visual: aula prática

4/06                  Convidado/visita técnica

5/06                 Deficiência mental: tipos e características

18/06              Atividades físicas para deficientes mentais

19/06               Deficiência mental: aula prática

25/06              Convidado/visita técnica

26/06              Grupos Especiais na escola: asmáticos, diabéticos, obesos e outros

30/06              Grupo de discussão – revisão final

2/07                 Avaliação teórica – 30 pts

3/07                  Fechamento da disciplina

Atividade Motora Adaptada

Texto: Mariana Pires - Aluna do 6º período do Curso de Educação Física da UFVJM

A atividade motora adaptada corresponde ao conjunto de atos intencionais que visam melhorar e promover a capacidade para o movimento considerando-se as diferenças individuais e as “discapacidades” em contextos inclusivos ou não.

O objetivo das atividades adaptadas é fazer com que os portadores de necessidades especiais se sintam capazes de realizar as atividades apropriadas, explorando o ambiente da melhor forma possível, sem que eles saibam disso.

      As atividades podem ser: 

      Ritmo e dança: onde se podem trabalhar ao mesmo tempo os PNEs e as pessoas ditas “normais”. Deve ser estimulada a consciência rítmica, a integração dos elementos rítmicos, passos simples de dança e elementos coreográficos. 

      Atividades aquáticas: onde o principal objetivo é o processo de estimulação aquática. Primeiramente deve ser feita uma anamnese do aluno para saber qual a sua deficiência, se há outro problema, se houve uma indicação médica. Depois deve ser levada em consideração a equipe que ajudará o professor nas aulas, e as instalações da academia ou clube como, a profundidade da piscina e se há condições de ser realizado um possível atendimento de urgência. 

      Esportes de aventura: como por exemplo, a escala, onde a principal idéia é a de superação por parte do PNEs. 

      Atletismo: onde as principais adaptações são feitas para os deficientes físicos e visuais. Neste esporte, os atletas são classificados nas categorias de acordo com as suas deficiências:

Provas de campo:

• F11 a F13 – deficientes visuais

• F20 – deficientes mentais

• F31 a F38 – paralisados cerebrais (31 a 34 ‐ cadeirantes e 35 a 38  ambulantes)

• F40  anões

• F41 a F46 – amputados

• F51 a F58 – Competem em cadeiras (seqüelas de Poliomielite, lesões medulares e amputações)

Provas de Pista

• T11 a T13 – deficientes visuais

• T20 – deficientes mentais

• T31 a T38 – paralisados cerebrais (31 a 34 ‐ cadeirantes e 35 a 38  ambulantes)

• T41 a T46 – amputados

• T51 a T54 – Competem em cadeiras (seqüelas de Poliomielite, lesões medulares e amputações)

      Para as corridas, os atletas com deficiências visuais podem ter acompanhamento de um guia para ajudá-lo no percurso, mas sem puxá-lo. 

      Basquete em cadeira de rodas: é praticada essencialmente por atletas com deficiência físico-motora e todas as cadeiras são adaptadas e padronizadas. Cada atleta recebe uma pontuação de 1 a 5 de acordo com a sua deficiência e, dentro de quadra a pontuação máxima não pode ultrapassar 14. Quanto maior for a deficiência, menor será o número de classificação. 

      Halterofilismo: onde os atletas são classificados por peso, e permanece deitado em um banco para realizar o movimento de supino. O atleta deve flexionar o braço descendo a barra até a altura do peito e em seguida, elevá-lo até a posição inicial, finalizando o movimento. O maior resultado após 3 tentativas é validado. Os árbitros devem ficar atentos a execução contínua do movimento e a parada nítida da barra no peito. 

      Tiro com arco: com a tecnologia, hoje todos os aparelhos são adaptados facilitando assim a inclusão de todos os PNEs. Algumas adaptações permitem que o atleta atire a flecha com a boca. 

      Remo: é dividido em categorias de competição:

  • Single Skiff Masculino,
  • Single Skiff Feminino,
  • Duplo Skiff Misto
  • Quatro Com Misto.

   E de acordo com a capacidade funcional empregada:

  • A – Grupamento funcional utilizado: braço.
  • TA – Grupamento funcional utilizado: tronco e braço.
  • LTA  Grupamento funcional utilizado: perna, tronco e braço.
    Bocha: é destinado a paralisados cerebrais severos que utilizam cadeira de rodas. Para atletas com comprometimento nos membros superiores e inferiores é permitido o uso das mãos, dos pés ou de instrumentos de auxílio. Pode ser praticado: individualmente, em duplas ou em equipes. 

   Futebol de cinco: é um esporte exclusivo para deficientes visuais e, normalmente em uma quadra adaptada. A bola possui guizos para que seja identificada pelos participantes e não possui lateral na quadra. Somente o goleiro possui visão total, e a torcida deve permanecer calada durante todo o jogo, exceto no momento do gol. 

   Hipismo: é praticado por atletas com vários tipos de deficiência e suas competições são mistas, ou seja, cavaleiros e amazonas competem juntos nas mesmas provas. 

   Ciclismo: é praticado por paralisados cerebrais, deficientes visuais, amputados e lesionados medulares (cadeirantes), de ambos os sexos, e pode ser praticado individual, ou em equipe. As bicicletas podem ter modelos convencionais ou adaptadas, podendo ser pedaladas com as mãos ou sendo duplas, tendo um guia vidente à frente. Neste esporte há também divisões por categorias:

• LC  dificuldade de locomoção

• LC1‐ pequeno prejuízo em função da deficiência, normalmente nos membros superiores.

• LC2  prejuízo físico em uma das pernas, permitindo o uso de prótese para competição.

• LC3  que pedalam com apenas uma perna e não podem utilizar próteses.

• LC4  Atletas com maior grau de deficiência, normalmente amputação em um membro superior e um inferior.

• Tandem  Para ciclistas com deficiência visual

• Handbike  Para atletas paraplégicos que utilizam bicicleta especial impulsionada com as mãos.

   As provas podem ser no velódromo, estrada ou contra-relógio. 

   Futebol de sete: é praticado por atletas do sexo masculino, com paralisia cerebral, decorrente de seqüelas de traumatismo crânioencefálico ou acidentes vasculares cerebrais e que não utilizam cadeira de rodas. Os jogadores são classificas em pontos de acordo com o grau de deficiência entre 5 e 8, sendo quanto menor a pontuação maior a deficiência. Durante o jogo deve permanecer no Maximo dois jogadores da classe 8 e no mínimo um da classe 5 ou 6. 

   Judô: é praticado juntamente por deficientes visuais de todas as classes, ou seja, do atleta completamente cego até os que possuem acuidade visual parcial. Essas classes são:

   • B1 – Cego total: de nenhuma percepção luminosa em ambos os olhos até a percepção de luz, mas com incapacidade de reconhecer o formato de uma mão a qualquer distância ou direção.

   • B2 – Lutadores que já têm a percepção de vultos. Da capacidade em reconhecer a forma de uma mão até a acuidade visual de 2/60 ou campo visual inferior a 5 graus.

   • B3 – Os lutadores conseguem definir imagens. Acuidade visual de 2/60 a 6/60 ou campo visual entre 5 e 20 graus. 

   Tênis de campo: é praticado por atletas com deficiência relacionada à locomoção: total ou substancial, perda funcional de uma ou mais partes externas do corpo. Para isso deve ser feito um diagnóstico médico antes da prática. 

   Voleibol sentado: pode ser praticado por amputados, paralisados cerebrais, lesionados na coluna vertebral e outra deficiência locomotora. Neste esporte, o tamanho da quadra e da rede são menores que uma quadra oficial. Os jogadores dever permanecer sentados, e é permitido o contado das pernas de um jogador com o adversário sem que isso atrapalhe o jogo. 

   Esgrima: é praticado somente por pessoas com deficiência locomotora e as cadeiras são fixadas no solo. Nas disputas de espada, uma cobertura metálica é utilizada para proteger as pernas e as rodas da cadeira. 

   Natação: pode ser praticado por atletas com qualquer tipo de deficiência e, de acordo com esta, são feitas adaptações na largada, virada e chegada. Os deficientes visuais recebem um aviso “tapper” por meio de um bastão com uma ponta de espuma ao aproximar das bordas.  

   Tênis de mesa: é praticado por paralisados cerebrais, amputados e cadeirantes, e as disputas são divididas entre andantes e cadeirantes, individuais, duplas ou grupos. A raquete pode ser amarrada na mão do atleta para facilitar o jogo. Os atletas são divididos em onze classes distintas:

   – TT1, TT2, TT3, TT4 e TT5 – atletas cadeirantes;

   – TT6, TT7, TT8, TT9, TT10 – atletas andantes;

   – TT11  atletas andantes com deficiência mental.

   Esta classificação é realizada a partir da mensuração do alcance de movimentos de cada atleta, sua força muscular, restrições locomotoras, equilíbrio na cadeira de rodas e a habilidade de segurar a raquete. 

   Tiro: é praticado por pessoas amputadas, paraplégicas, tetraplégicas ou outras deficiências locomotoras. É dividido em 3 categorias de acordo com a deficiência:

   • SH1: Atiradores de Pistola e Rifle que não requerem suporte para a arma.

   • SH2: Atiradores de Rifle que não possuem habilidade para suportar o peso da arma com seus braços e precisam de um suporte para a arma.

   • SH3: Atiradores de Rifle com deficiência visual. 

   Goalball: é exclusivo para atletas com deficiência visual. É praticado sentado, em uma quadra com as mesmas dimensões de uma quadra de voleibol, dividido em duas equipes com três jogados cada. O objetivo é tentar fazer o gol com um arremesso rasteiro, para isso, a bola possui um guizo para que os jogadores saibam da sua localização. Assim como no futebol de cinco, a torcida deve permanecer um silencio, exceto nos momentos de gol.

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